sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016


O mundo rapper não é dos meus preferidos. Preconceituoso, ainda mantenho que a criatividade musical deste estilo é demasiado limitada, preguiçosa até; mesmo que na composição de letras, o rap, ou hip-hop, tenha sido responsável por algumas das mais importantes alterações na música contemporânea.
Existem minúsculas excepções, como 50 Cent., Snoop Dogg ou Jay-Z, que escapam à razoabilidade e mediania que leva ao esquecimento do eventual virtuosismo do rap. E depois há Kanye West. Alguém que passou para além do rap e é, exactamente tudo aquilo que ele próprio diz de si, ou seja, não há melhor, nem mais perfeito.
West pensa grande, muito grande, e tem motivos para isso. Ainda ontem, no Madison Square Garden, naquilo que seria um dia para a Adidas brilhar, com a apresentação da "Yeezy Season 3", onde marcaram presença os mais mediáticos nomes de Nova Iorque e tudo à volta, o rapper, usou o seu computador e apresentou no novo disco: "The Life Of Pablo". Fuck Adidas, Kanye West in tha house...
Antes, atirou marketing para a cara do mundo, e o mundo agradeceu e venerou, mas o marketing, ao contrário de Beyoncé e associadas, não resulta no vazio posterior e West entrega o que promete, sempre o fez, em grande. Entregou-o de imediato e sem rodeios, fustigando Taylor Swift, com "Famous", onde garante: "I made that bicth". E se Wes o diz o mundo acredita, mesmo que Swift apele para a incontrolável misogenia do rapper norte-americado. E o marketing continua, enquanto Kanye levita acima disto tudo.




"I just told Anna [Wintour] this backstage: to be the creative director of Hermès would be a dream of mine,", disse Kanye West no Garden. Podia sê-lo, porque ele pode ser o que bem quiser, até marido de Kardashian, e, ainda assim, ser aquele de quem se fala, o que se admira até à eternidade. Porque ele cumpre e entrega delírios palpáveis, mostra o jogo e não guarda cartas na manga.
Aliás, entre os contemporâneos, que deixaram para trás o século passado, Kanye West será dos poucos que consegue incorporar em si e na sua música, o gene do ícone, da lenda, da personagem rockstar pura e dura, adaptando, no entanto, para si uma nova estética assente no Séc. XXI.
"The Life Of Pablo" é para West um álgum de gospel, ainda assim, um gospel que não se ouve na igreja. Entende-se, West é, para si, Deus de si próprio, inspiração para o Universo, aliás, "I am God" é faixa presente. Uma vez mais, West idolatra-se tanto como nós o idolatramos, é justo. E as enigmáticas "TLOP", que surgiram por antecipação no Twitter do rapper, fazem agora sentido, tanto como "The Life Of Pablo" faz, para West e para nós convertidos à música perfeita de quem é maior do que o próprio rap.



1 comentário:

  1. Adorei a análise, penso o mesmo de West. Faz tudo em grande, inclusive pensar. Acho um senhor vanguardista, Bieber é o que é por ele, Taylor é uma moda, ele é imortal. Adoro-o. Excelente post

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